Pessoas com deficiência ainda não são representadas como sujeitos de direito em matérias jornalísticas

A dissertação Representações sociais de pessoas com deficiência em notícias do portal G1, defendida em agosto pela doutoranda Thais Araujo, apontou que as pessoas com deficiência são representadas com maior frequência como vítimas de violação de direitos na mídia analisada. Elas também aparecem como vítimas de agressões, principalmente estupro, e como alvo de caridade. O trabalho concluiu que, embora essas pessoas tenham os direitos reconhecidos, elas não aparecem como sujeitos desses direitos na maioria das matérias jornalísticas observadas, mas apenas como depositárias, uma vez que ainda são silenciadas.

Esse processo de silenciamento se dá de duas formas: por exclusão, quando as perspectivas delas mesmas são desconsideradas, ignoradas e excluídas por completo; e por tutela, quando mobilizam-se pessoas próximas, como pais, mães e irmãos, para falarem como fontes de informação no lugar das próprias pessoas com deficiência.

A pesquisa, desenvolvida sob orientação da professora Terezinha Silva, buscou identificar e analisar as representações construídas pelo jornalismo sobre as pessoas com deficiência, para compreender se e como os textos jornalísticos incorporam os novos entendimentos sobre a deficiência, potencializando a construção de representações sociais que evidenciam o lugar-cidadão dessas pessoas na sociedade e o tipo de ações e políticas públicas que elas demandam. O trabalho foi avaliado pela banca composta pela professora Isabel Colucci e pelo professor Jorge Ijuim, ambos da UFSC.

Para realizar a investigação, foram coletadas 373 matérias publicadas ao longo do ano de 2019 no Portal G1, líder nacional entre os portais informativos genuinamente brasileiros e que oferece acesso gratuito ao conteúdo. A análise foi desenvolvida a partir do conceito de representações sociais, na abordagem proposta por Serge Moscovici.

Palavras-chave: Jornalismo; Representações; Pessoas com Deficiência; Portal G1.