Autoria: Keltryn Wendland
Orientação: Terezinha Silva
Esta pesquisa tem como objeto de estudo a construção de representações sociais pelo jornalismo sobre as mulheres que se candidataram à vice-presidência da República na eleição de 2018. A pesquisa tem como objetivo geral identificar e analisar as representações construídas sobre as cinco candidatas a vice-presidente: Ana Amélia Lemos (PP); Manuela D’Ávila (PCdoB); Kátia Abreu (PDT); Sônia Guajajara (PSOL) e Suelene Balduíno (Patriota) na cobertura jornalística da eleição presidencial de 2018 realizada pelo jornal Folha de S. Paulo. Busca-se verificar se o fato de ter mais mulheres presentes na disputa à vice-presidência resultou em um tratamento jornalístico que potencialize novas representações sobre o papel das mulheres na sociedade e sobre a atuação delas na política. Adotamos o conceito de representação como central em nossa pesquisa e a partir da abordagem de Serge Moscovici (2009), que entende representações sociais como um modo específico de compreensão da realidade que tem o propósito de tornar familiar o não-familiar. Para o autor, as representações são um sistema de valores, ideias e práticas, que tem duas funções fundamentais: permitir às pessoas orientar-se no mundo e tornar a comunicação possível entre os membros de uma comunidade (MOSCOVICI, 2009, p. 35). A partir deste conceito, adotamos duas dimensões de análise: 1) Destaque dado e Temas associados às mulheres candidatas à vice-presidência da República; e 2) Representações construídas sobre elas. O corpus da pesquisa é composto por 80 textos jornalísticos publicados pela Folha de S. Paulo entre 5 de agosto a 28 de outubro de 2018, período que compreende a homologação oficial das chapas concorrentes à Presidência da República e o final do segundo turno das eleições. A análise mostra que, de modo geral, as candidatas tiveram pouco destaque na cobertura jornalística realizada pela Folha de S. Paulo, tanto em termos quantitativos como qualitativos. A presença significativa de mulheres como candidatas à vice-Presidência da República não repercutiu na cobertura do jornal enquanto uma novidade política e histórica. O jornal tratou a participação delas com superficialidade, sem estimular a produção de novas representações sobre as mulheres na política, limitando-se a reforçar estereótipos de gênero e da representação da política como uma esfera predominantemente masculina. Entre os achados da pesquisa, destaca-se que os relatos produzidos reforçam que suas candidaturas são geralmente vistas como estratégia para atrair o voto feminino, mostram que elas praticamente não ganham espaço na mídia para se expressar sobre temas coletivos que interessam ao eleitorado em geral, nem mesmo aqueles que interessam a outras mulheres ou que marcam a trajetória política das próprias candidatas.
Palavras-chave: Jornalismo. Representações sociais. Mulheres na política.
Como referenciar:
WENDLAND, Keltryn. As representações das candidatas à vice-presidência da República na campanha eleitoral de 2018 no jornal Folha de S. Paulo. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR), Universidade Federal de Santa Catarina. 2020. Disponível em : https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/219381