As professoras Terezinha Silva e Daiane Bertasso, coordenadoras do grupo Transverso participaram do XVI Congresso da ALAIC – Associação Latino-Americana de Pesquisadores em Comunicação, realizado entre os dias 26 e 30 de setembro, em sistema híbrido (remoto e presencial, em Buenos Aires).
No grupo de trabalho Estudos sobre Jornalismo, elas apresentaram a pesquisa que vem sendo desenvolvida desde 2021 no Transverso sobre a cobertura jornalística de feminicídios ocorridos em Santa Catarina e noticiados pela imprensa entre o ano de 2015, quando foi promulgada a Lei do Feminicídio, e 2021. A pesquisa Cobertura jornalística de feminicídios em Santa Catarina: mapeamento de um problema público é financiada pela FAPESC, através da chamada pública do edital 26/2020.
Resultado parcial desta pesquisa, o artigo apresentado pelas pesquisadoras no congresso da ALAIC propõe uma metodologia para a leitura e análise de cobertura jornalística de feminicídios. Elas explicam que se trata de um “protocolo de análise de cobertura de feminicídios”, que já vem sendo utilizado nas análises desenvolvidas pelo Transverso acerca do tema.
No artigo apresentado no congresso e intitulado “Lentes interseccionais para a análise de cobertura sobre feminicídio”, as pesquisadoras defendem que os feminicídios são acontecimentos que revelam um conjunto de problemas públicos – as várias formas de violências contra mulheres – e, portanto, requerem tratamento via ações e políticas públicas. “Tais políticas, porém, necessitam ser pensadas a partir de lentes interseccionais”, levando em conta diferentes marcadores sociais, como classe, gênero, etnia, faixa etária, origem, etc.
Nas análises de cobertura de feminicídios, a pesquisa do grupo tem procurado observar em que medida o jornalismo considera estes diferentes marcadores interseccionais ao relatar os crimes ou discutir o problema das violências que levam aos feminicídios. Elas argumentam que “o Jornalismo é um espaço estratégico na produção e circulação de informações, análises e interpretações relevantes na formação da opinião dos cidadãos sobre o problema, contextualização da violência e agendamento do debate público sobre o tema e sobre as políticas necessárias”. Por isso – completam -, é “fundamental olhar para a cobertura jornalística de feminicídios com uma perspectiva interseccional”.