A cobertura jornalística sobre o meio rural e a agricultura familiar tende a reduzi-los a elementos agrícolas, ignorando a diversidade de aspectos que atravessam o campo e impactam o cotidiano de agricultoras e agricultores familiares.
De acordo com a pesquisadora do Grupo Transverso Diana Mannes Koch, que defendeu sua dissertação de Mestrado, no PPGJor/UFSC, na quinta-feira, 30 de março, nenhuma das matérias analisadas abordou aspectos complexos relacionados à temática, como questões de gênero e outras também ligadas às mulheres camponesas, sucessão familiar na agricultura, falta de políticas públicas (escassez de espaços de lazer, por exemplo) ou relação entre agricultura familiar e preservação ambiental.
“Observamos um Jornalismo muito reativo às tragédias, aos protestos, aos impactos dos fenômenos climáticos nas lavouras, geralmente entendidos como acidentais, isolados e inevitáveis; e não um jornalismo proativo. Ao longo do tempo não se buscou pautar a agricultura familiar contextualizando e relacionando fatos e fenômenos sociais; e, ainda, trazendo aspectos que relacionam campo e cidade. Com isso, acabou-se construindo uma relação até de antagonismo entre rural e urbano; representações de atraso versus modernidade. Em muitas matérias a gente vê explicitamente o desejo de urbanizar o rural”, explicou a pesquisadora.
Diana espera que sua dissertação ajude a despertar o debate sobre como aproximar as redações, localizadas nos grandes centros urbanos, do meio rural, pautando questões que atravessam os dois espaços – rural e urbano – relacionados entre si e interdependentes, e incluindo nas pautas e nos textos jornalísticos as subjetividades das agricultoras e dos agricultores.
O trabalho intitulado “Jornalismo e meio rural: representações sociais da agricultura familiar no Portal NSC (2010-2020) foi orientado pela professora Terezinha Silva.