Pesquisadoras do Transverso apresentam paper no 32º Encontro Anual da COMPÓS

Thais e Terezinha apresentam trabalho no Encontro Anual da COMPOS, na USP, em 06 de julho de 2023, intitulado: Inclusão discursiva de mulheres com deficiência: reflexões sobre o potencial aleijador do jornalismo nas representações

Refletir sobre as potencialidades da inclusão discursiva de mulheres com deficiência em relatos jornalísticos para tensionar o senso comum e valores hegemônicos – capacitistas – em circulação na sociedade é o objetivo do artigo apresentado pela doutoranda Thais Araujo e a professora Terezinha Silva, no 32º Encontro Anual da COMPÓS (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação). O evento foi realizado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), de 3 a 7 de julho de 2023.

O trabalho, intitulado Inclusão discursiva de mulheres com deficiência: reflexões sobre o potencial aleijador do jornalismo nas representações, foi discutido junto com pesquisadores de outras universidades do país, no Grupo de Trabalho (GT) Comunicação e Sociabilidade. Trata-se de um primeiro exercício de análise no âmbito da tese da doutoranda Thais Araujo, orientada pela professora Terezinha, coordenadora do Transverso.

Capacitismo, como explica Thais Araujo, é o termo que define a discriminação, a hierarquização e a exclusão de pessoas em razão da deficiência. Segundo a doutoranda, embora as pessoas com deficiência tenham conseguido, nas últimas décadas, pautar o tema com mais frequência nas diversas dimensões da vida social, ainda são comuns práticas que as desconsideram ou as desumanizam, inclusive nos relatos jornalísticos. 

“Se quisermos ser uma sociedade menos excludente e mais humanizada, o que traz benefícios para todo mundo, precisamos compreender que os corpos existem sob múltiplas formas. Todos eles são legítimos e devem ser considerados e contemplados em suas demandas, de modo a lhes garantir vida digna”, afirma Thaís. Por isso, completa a doutoranda, é importante discutir o modo como os relatos jornalísticos representam as pessoas com deficiência e o seu potencial para aleijar, ou seja, criar fissuras nas representações existentes.

A pesquisa, em andamento no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGJOR/UFSC), dá sequência aos achados da dissertação de Mestrado, também orientada por Terezinha Silva. Na dissertação, foram observadas duas formas de silenciamento de pessoas com deficiência em relatos jornalísticos da mídia hegemônica: por exclusão, quando as pessoas com deficiência sequer são acionadas como fontes em matérias que tratam de suas realidades; ou por tutela, quando pessoas próximas a elas, como pais, mães e irmãos ou irmãs, são mobilizadas como fontes para falar em lugar delas próprias. 

O interesse, nesta fase da pesquisa, é verificar se há diferença na cobertura de temas relacionados especificamente a mulheres com deficiência em mídias com perspectiva de gênero; observar se essas mídias garantem às mulheres posição de sujeitas de seus próprios discursos e histórias, em vez de submetê-las à condição de objetos. Por fim, completa Thaís, interessa refletir sobre como o jornalismo pode colaborar para, a partir das vozes das próprias mulheres com deficiência, atualizar representações estereotipadas acerca desse grupo social.