Internacionalização: pesquisa sobre cobertura de feminicídios é apresentada em seminário de Grenoble

A professora Terezinha Silva, uma das coordenadoras do Transverso, do PPGJOR/UFSC, participou nesta quinta-feira, 11 de abril, de seminário de pesquisa realizado pelo GRESEC (Grupo de Recherche sur les Enjeux de la Communication), da Université Grenoble Alpes, na França, quando falou sobre a cobertura de feminicídios no Brasil após a promulgação da Lei nº 13.104/2015. Destacou especialmente a pesquisa realizada no âmbito do grupo Transverso que analisou sete anos de cobertura jornalística em mídias de Santa Catarina.  

Para o público de cerca de 40 estudantes de mestrado em Jornalismo de Grenoble, que depois fizeram várias perguntas, a professora falou sobre os avanços trazidos pela Lei do Feminicídio, sancionada em 2015 pela ex-presidenta Dilma Rousseff. Mencionou, por exemplo, o maior rigor na responsabilização dos agressores, a construção de estatísticas para formular políticas públicas, a maior visibilidade ao problema e o estimulo a ampliar a compreensão social sobre o ciclo de violências que leva ao feminicídio, um crime baseado nas desigualdades de gênero, nas tentativas de domínio e controle sobre as mulheres.

Ela lembrou, porém, que há muitos desafios ainda no combate ao problema, no Brasil e em outros países, tanto na elaboração de políticas públicas quando no efetivo engajamento da sociedade como um todo no enfrentamento do problema, inclusive os meios de comunicação. A cobertura do tema, disse ela, pode ser melhor qualificada através de apuração de informações com fontes diversas que ajudem na compreensão das raízes da violência de gênero e na cobrança por políticas de prevenção e de proteção às mulheres. Somente em 2023, o Brasil registrou 1.463 feminicídios.

O seminário de formação baseado na investigação sobre questões de gênero e meios de comunicação, voltado para estudantes de mestrado em jornalismo e aberto também a doutorandos(as) do Gresec, foi organizado pelas professoras Roselyne Ringoot e Chloë Salles – esta última diretora de estudos da Escola de Jornalismo de Grenoble, que fez o convite para a professora Terezinha. O seminário, ocorrido nos dias 10 e 11 de abril, faz parte de uma parceria de Grenoble com pesquisadores da Dublin City University e também da Cátedra Unesco do Gresec em Comunicação Internacional. No seminário, os estudantes do mestrado apresentaram presencialmente os seus trabalhos de análise de um corpus midiático sobre feminicídios na França. A participação de Terezinha ocorreu através de videoconferência e deverá ser disponibilizada posteriormente no site da Universidade de Grenoble.

A pesquisa do Transverso sobre cobertura de feminicídios, apoiada pela Pro-Reitoria de Pesquisa da UFSC e financiada pela Fapesc (edital 26/2020), foi formalmente concluída em 2023, mas o grupo continua produzindo análises e divulgando resultados da investigação através de artigos apresentados em congressos e submetidos a revistas científicas, nacionais e internacionais. Além disso, a cobertura de feminicídio é tema da pesquisa do pós-doutorado que a professora Terezinha realiza desde setembro de 2023: a primeira etapa realizada junto à Universidade de Sevilha, na Espanha (setembro-fevereiro) – país que tem sido referência pelas políticas de combate e prevenção de feminicídios -, e a segunda parte que está realizando junto à universidade Federal do Pará (março-agosto), em sistema híbrido (com atividades presenciais e remotas). A pesquisa realizada no pós-doutorado é parte de um projeto de investigação mais amplo, coordenado pela professora, que analisa mudanças e permanências no padrão de coberturas jornalísticas de feminicídios em diferentes contextos e mídias (regionais, nacionais e internacional) e que foi contemplado pelo Edital Universal do CNPq (chamada pública CNPq/MCTI Nº 10/2023 – Faixa A) para receber financiamento a partir de 2024.

Para a professora, a participação em eventos como este de Grenoble é uma ótima oportunidade para dar visibilidade e internacionalizar a pesquisa do Transverso e do PPGJOR, para estabelecer diálogos e cooperações com outras(os) pesquisadoras(es) e universidades, referenciar estudos sobre o tema que têm sido feitos no Brasil há vários anos e reafirmar a qualidade e relevância da pesquisa brasileira.