Fontes de informação sobre feminicídios: pesquisadoras publicam capítulo em livro internacional

Capa do livro editora Dykinson

A professora Terezinha Silva e a doutoranda Thais Araujo, integrantes do grupo de pesquisa Transverso (PPGJOR/UFSC), acabam de publicar um capítulo em livro editado pela Dykinson, na Espanha, no qual analisam a utilização de fontes de informação em matérias jornalísticas sobre feminicídios. O estudo, intitulado “Las fuentes de información y el debate sobre la violencia de género: un estudio sobre cobertura periodística de feminicídios en Brasil”, foi apresentado e discutido originalmente no X Congresso Internacional Genero y Comunicación, realizado no final de outubro em Cádiz, na Espanha.  Depois, foi ampliado, submetido e aprovado para a publicação no livro “Comunicación y Género en el siglo XXI”.

No trabalho, explicam as pesquisadoras, o objetivo foi aprofundar a reflexão sobre a presença e diversidade de fontes nas notícias sobre os crimes de feminicídio, e sobre o potencial das fontes utilizadas para estimular um debate e um aprendizado social sobre a violência de gênero através da cobertura da imprensa.  Elas partiram de um estudo mais amplo sobre a cobertura de feminicídios, realizado pelo grupo Transverso entre 2021 e 2023, e mostraram um mapeamento das fontes utilizadas em cobertura da Rede NSC, principal grupo de comunicação em Santa Catarina, entre os anos de 2015 e 2021, período da pesquisa do Transverso.

Elas lembram que a pesquisa do Transverso sobre a cobertura de feminicídios em Santa Catarina identificou um crescimento exponencial de notícias sobre estes crimes na imprensa principalmente após 2018. Isso as levou a indagar se a maior visibilidade desses assassinatos foi sendo acompanhada por uma discussão mais aprofundada sobre a violência de gênero nas notícias divulgadas, potencializando assim um aprendizado social sobre as causas das violências de gênero e das  possibilidades de enfrentamento do problema.

A partir do mapeamento das fontes utilizadas, as pesquisadoras desenvolveram o argumento de que a ausência de fontes oriundas de movimentos feministas ou especialistas em violência de gênero nas notícias torna superficial, inexistente ou descontextualizado o tratamento da violência de gênero na cobertura sobre feminicídios.

“A visibilidade aos crimes é acompanhada pela invisibilidade de determinadas fontes de informação que são fundamentais para trazer ao debate público as raízes estruturais e os valores que estão na base da violência de gênero, assim como as ações públicas capazes de preveni-la e combatê-la”, apontam no trabalho. Para elas, não considerar estas outras fontes e continuar priorizando apenas a polícia compromete o potencial da cobertura jornalística e a contribuição que pode dar  para a mudança da cultura machista que produz estas violências.

A partir da pesquisa realizada pelo Transverso, em 2023 o grupo construiu uma lista de fontes especializadas em violência de gênero e temas relacionados, recentemente atualizada e que está acessível para consulta de jornalistas.