Integrantes do Transverso vão apresentar pesquisas na SBPJor 2025

Pesquisadoras e pesquisadores do Transverso participam da 23ª edição do Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJOR 2025) e do 15º Encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo (JPJor), que acontecem de 5 a 7 de novembro, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, reúne especialistas para discutir tendências, desafios e inovações na área, e tem como tema este ano “O Jornalismo diante das desigualdades e conflitos no Sul Global”.

As apresentações do Transverso integram sessões de comunicações livres e redes de pesquisa, abordando temas como feminicídio, desigualdade de gênero e representações da saúde presidencial na cobertura jornalística.

Na quarta-feira, dia 5, a mestranda Luisa de Melo Silva apresenta o trabalho “A memória e a dignidade da vítima retratadas na cobertura de feminicídios no portal G1 Santa Catarina”, na sessão de Comunicações Livres da JPJor. O artigo analisa como o G1 SC retrata as vítimas de feminicídios, avaliando se as narrativas respeitam a dignidade e a memória das mulheres assassinadas. A partir da análise de 74 notícias publicadas em 2023, Luisa destaca o predomínio de fontes policiais e o apagamento da vítima e de sua história.

Na quinta-feira, dia 6, a professora Daiane Bertasso coordena uma das sessões da Rede de Pesquisa ANTONIETAS – Análises das práticas discursivas de mídias jornalísticas pela perspectiva de gênero e outras interseccionalidades. Neste dia, ela também apresenta o trabalho “Desigualdade de gênero nas representações jornalísticas: reflexões a partir da experiência do GMMP”, elaborado em co-autoria com Helena Brandt de Oliveira, Raphaela Xavier de Oliveira Ferro e Suelyn da Luz. As pesquisadoras compartilham reflexões sobre a participação no Global Media Monitoring Project (GMMP) Brasil 2025, com foco na análise do Jornal da Band.  Para as autoras, o estudo confirma a relevância do GMMP para compreender a desigualdade de gênero nas representações midiáticas e propõe caminhos para aprimorar futuras edições do monitoramento.

Na sexta-feira, dia 7, as professoras Terezinha Silva (UFSC) e Paula de Souza Paes (UFPB) apresentam o trabalho “Fontes de informação e enquadramento do feminicídio em mídias com perspectiva de gênero”, durante a sessão coordenada da Rede ANTONIETAS. O estudo analisa publicações do Portal Catarinas, Revista AzMina e site Gênero e Número, observando como essas mídias enquadram o feminicídio como problema público e estrutural. Este estudo, conforme a professora Terezinha, faz parte de uma pesquisa mais ampla que ela e Paula Paes realizam junto com um grupo de colegas da Universidade de Grenoble, na França, no qual buscam uma perspectiva comparada sobre padrões de tratamento jornalístico do feminicídio em mídias tanto tradicionais e hegemônicas, quanto independentes e com sensibilidade para as pautas feministas. A pesquisa comparada integra o projeto de pesquisa sobre cobertura de feminicídios coordenado pela professora Terezinha e financiado pelo CNPQ.

Ainda no dia 7, durante a tarde, o mestrando Eduardo Iarek apresenta o artigo “A saúde de Lula em debate: relato jornalístico de G1 sobre o acidente doméstico de 2024”, na sessão de Comunicações Livres. A pesquisa examina como o portal G1 construiu a imagem pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após um acidente doméstico ocorrido em 2024. A partir da análise de 75 matérias, o estudo identifica a disputa simbólica entre duas representações: a de um figura forte e saudável e a de um líder fragilizado pela idade e por questões de saúde. 

No mesmo período, o doutorando Luiz Henrique Zart integra a sessão coordenada da Rede de Pesquisa em Narrativas Midiáticas Contemporâneas (Renami) com a pesquisa “Holofotes (ainda) apagados: a articulação entre esporte, ethos jornalístico e discursivo em 13 anos de pesquisas na SBPJor”. O trabalho de Zart busca compreender em que medida as pesquisas ligadas ao esporte se relacionam aos conceitos de ethos – seja jornalístico ou discursivo – a partir dos trabalhos de encontros da SBPJor entre 2012 e 2024.  Segundo ele, entre as 2003 produções, 57 envolvem esporte ou ethos – jornalístico ou discursivo.

Também na sexta-feira à tarde, a pesquisadora Jessica Gustafson participa da sessão Jornalismo, resistência e epistemologias críticas, onde apresenta o trabalho “Jornalistas feministas avaliam o cumprimento do Capítulo J, da Plataforma de Pequim, 25 anos depois”. No paper, ela analisa os diagnósticos produzidos por jornalistas latino-americanas de cinco países – Brasil, México, Colômbia, Chile e Argentina, integrantes da Red Internacional de Periodistas con Visión de Género (RIPVG), que avaliam o cumprimento do Capítulo J – “As mulheres e os Meios de Comunicação”, da Plataforma de Pequim, construída em 1995, na IV Conferência Mundial sobre a Mulher, da ONU.  Jessica avalia que ainda persistem o pouco esforço com a construção de políticas públicas que abordem a perspectiva de gênero na comunicação, a falta de uma formação transversal e contínua de profissionais, os constrangimentos no exercício laboral de mulheres jornalistas e o recrudescimento da violência contra jornalistas.