Grupo estuda a cobertura jornalística de feminicídios

A pesquisa que está sendo realizada pelo grupo Transverso sobre a cobertura de feminicídios na mídia de Santa Catarina foi apresentada no seminário “Apoio a Novos Pesquisadores da UFSC – Acompanhamento de execução de projetos”, organizado pela Pro-Reitoria de Pesquisa da UFSC (Propesq) entre os dias 06 a 09 de junho. No evento, pesquisadores e pesquisadoras contemplados com apoio e financiamento dos editais  nº 01/Propesq/2020 e nº 26/2020/Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) expuseram o andamento de suas pesquisas.

O projeto “Os feminicídios em Santa Catarina e a cobertura jornalística: mapeamento de um problema público” tem sido desenvolvido desde 2021 por professoras, doutorandas(os), mestrandas e alunos de Iniciação Científica do Departamento de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, todas(os) participantes do grupo de pesquisa Transverso.  

A coordenadora do projeto e do Transverso, professora Terezinha Silva, explica que o objetivo da pesquisa é fazer um levantamento de feminicídios ocorridos em Santa Catarina e noticiados pela imprensa a partir de março de 2015, quando foi promulgada a lei do feminicídio (nº 13.104, de 09/03/15), e analisar o modo como esses crimes são tratados na cobertura jornalística no Estado.  Pela lei de 2015, feminicídios são crimes motivados por violência doméstica ou por discriminação de gênero.

Santa Catarina está entre os 10 estados brasileiros com os maiores números de feminicídios, de acordo com o Anuário de Segurança Pública.  Desde 2015, ano da sanção da lei pela então presidenta Dilma Rousseff, Santa Catarina registrou um total de 358 crimes contra mulheres e meninas. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Estado e mostram uma alta média anual.  Foram 46 assassinatos no ano de 2015; 53 em 2016; 51 em 2017; 41 em 2018; 57 em 2019; 56 em 2020; e 54 em 2021.

“É um desafio coletivo implementar ações para enfrentar as várias formas de violência que potencialmente impulsionam crimes de feminicídio e que impedem Santa Catarina e o Brasil de alcançarem a igualdade de gênero, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, diz a coordenadora do projeto.  Segundo ela, a comunicação midiática e jornalística é um espaço de produção e circulação de sentidos, representações e valores sociais. Por isso – acrescenta a professora – as mídias são um lugar estratégico para se observar e atuar sobre o problema das violências contra mulheres e dos feminicídios. “É preciso levar em conta essa produção midiática e jornalística ao se pensar em políticas públicas de enfrentamento a esse problema público”.

A professora explica que a pesquisa busca compreender, entre outros aspectos, como esses crimes são interpretados por jornalistas e suas fontes de informação, que tipo de representações são construídas sobre as vítimas e os agressores, e como acontece a discussão sobre o problema das violências que resultam em feminicídios.  Segundo ela, a pesquisa deve resultar na produção de conteúdos, dados e materiais educativos que colaborem na formulação de políticas de combate a violências contra mulheres e na promoção da igualdade de gênero.

Toda a produção resultante da pesquisa ficará disponível para acesso no site do grupo de pesquisa Transverso.

1 comentário em “Grupo estuda a cobertura jornalística de feminicídios”

Os comentários estão encerrado.