De que forma o tratamento dado pela cobertura jornalística aos feminicídios pode contribuir para que as mortes das mulheres vítimas desses crimes de gênero alcancem um luto público e estimulem uma discussão social sobre o problema? Esta é a questão que estimulou a professora Terezinha Silva e a doutoranda Thais Araújo, ambas do grupo de pesquisa Transverso, do PPGJOR/UFSC, a desenvolveram um estudo no qual refletem sobre a vulnerabilidade das vítimas de feminicídio a partir da análise da cobertura da imprensa.
Aspectos preliminares do estudo foram expostos pelas pesquisadoras em uma comunicação intitulada “Vidas passíveis de luto público: cobertura jornalística, feminicídios e vulnerabilidade”, que foi apresentada durante o VII Congreso Internacional de Ética en la Comunicación (MEDIA ETHICS 2023), ocorrido nos dias 14 e 15 de março em sistema online e presencial, na Universidad de Sevilla, na Espanha.
A partir da abordagem de vulnerabilidade feita pela filósofa Judith Butler, as pesquisadoras estão analisando relatos jornalísticos de sete casos de feminicídios que tiveram maior repercussão na cobertura de mídias da rede de comunicação NSC durante sete anos – desde 2015 até 2021. Na análise preliminar feita até o momento sobre a cobertura de três desses crimes, elas apontam que apenas em dois casos foram encontrados elementos que indicam que essas mortes se tornaram “publicamente dolorosas”. A análise finalizada, com discussão dos resultados, segundo elas, será apresentada em capítulo de livro que vão submeter até o final de maio à obra resultante do Media Ethics 2023, a ser publicado pela editorial Tirant Lo Blanch.
O estudo de Terezinha Silva e Thais Araujo é parte de uma pesquisa mais ampla realizada pelo grupo Transverso desde 2021. Intitulada “Os feminicídios em Santa Catarina e a cobertura jornalística: mapeamento de um problema público”, tem o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa da UFSC e o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).