O grupo de pesquisa Transverso – Estudos em Jornalismo, Interesse Público e Crítica, do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, lança nesta sexta-feira, 27 de abril, o podcast “História mal contada – Os feminicídios na cobertura jornalística“. O lançamento acontece de forma online, com a divulgação do material através da internet e redes sociais do grupo Transverso, onde o podcast já está disponível para acesso público.
Com três episódios, de cerca de 17 minutos cada, o podcast é um dos materiais produzidos pelo grupo Transverso para estimular o debate sobre a cobertura de feminicídios na imprensa. No primeiro episódio, o podcast apresenta e discute os resultados de pesquisa realizada pelo Grupo Transverso (PPGJOR/UFSC), dando um panorama da cobertura realizada entre os anos de 2015 e 2021, período estudado pela equipe. O segundo episódio discute principalmente as fontes de informação utilizadas, destacando a ausência daquelas que são importantes na cobertura do tema, como pesquisadoras e ativistas de movimentos sociais, sobretudo de mulheres e feministas. Já o terceiro e último episódio traz sugestões de como qualificar a cobertura jornalística de feminicídios.
De acordo com a professora Terezinha Silva, coordenadora do Transverso e da pesquisa que o grupo desenvolve desde 2021, o objetivo do podcast é estimular o debate, a partir da perspectiva de várias mulheres, lideranças e pesquisadoras, sobre o papel do jornalismo na prevenção e combate ao problema, que vitima tantas mulheres.
Somente em 2021, os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que 1.341 mulheres foram assassinadas em razão de seu gênero. Santa Catarina, estado onde a pesquisa do Transverso se concentrou, tem taxa de 1,5 feminicídios a cada 100 mil mulheres – acima da média nacional (1,2 vítimas a cada 100 mil mulheres), segundo o Anuário Brasileiro edição 2021. Somente no ano de 2022, a secretaria estadual de Segurança Pública de Santa Catarina registrou 56 assassinatos de mulheres por motivação de gênero. E apenas nos primeiros meses de 2023 (janeiro a março de 2023), já foram mortas 19 mulheres.
“A violência de gênero é um problema público, coletivo, que precisa ser enfrentado de forma coletiva, por toda a sociedade, porque não podemos naturalizar esta violência e estas mortes. E a imprensa tem um papel fundamental, porque além de dar visibilidade ao problema, pode também aprofundar a discussão sobre as suas causas, ajudando a mudar esta cultura machista e misógina que produz a violência de gênero”, afirma a professora Terezinha Silva.
Tanto o podcast quando o documentário de mesmo nome – “História mal contada, os feminicídios na cobertura jornalística”, lançado pelo grupo Transverso no dia 10 de março – são alguns dos resultados do projeto de pesquisa “Os feminicídios em Santa Catarina e a cobertura jornalística: mapeamento de um problema público”. A pesquisa está em fase de conclusão. Teve o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (PROPESQ) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC).