Integrantes do Transverso participaram de diversas atividades do Seminário Internacional Fazendo Gênero 13, que reuniu mais de seis mil pessoas na UFSC, entre os dias 29 de julho e 02 de agosto. Além de marcarem presença na Marcha Contra o Fim do Mundo, quando ativistas, militantes e representantes dos estudos de gênero e feministas se manifestaram, nas ruas centrais de Florianópolis (SC), contra o fascismo, o colonialismo e em defesa da justiça climática, também coordenaram Simpósios Temáticos, mesas redondas, apresentaram pôsteres e trabalhos com resultados de pesquisas desenvolvidas no âmbito do grupo.
Para a professora Terezinha Silva, uma das coordenadoras do Transverso, “é muito animador e nos enche de alegria ver tantas pessoas do nosso grupo de pesquisa participando das várias atividades deste evento internacional, dialogando com tanta gente nesse congresso tão gigante e importante que é o Fazendo Gênero”, comemorou.
Terezinha apresentou o artigo Os agressores retratados pela cobertura jornalística de feminicídios, produzido em parceria com os doutorandos Márcio Barbosa Norberto e Wagner Rodrigo Arratia Concha, no Simpósio Temático (ST) 092: Jornalismo, gênero, sexualidades e interseccionalidade: a construção de uma perspectiva feminista e decolonial. O ST foi coordenado pela professora e também líder do Transverso, Daiane Bertasso, juntamente com as professoras Cláudia Lago (USP) e Jimena María Massa (UNC). O artigo traz resultados de pesquisa mais ampla realizada no âmbito do Grupo Transverso, entre os anos de 2021 e 2023, intitulada Os feminicidios em Santa Catarina e a cobertura jornalística: mapeamento de um problema público. No mesmo ST, Daiane apresentou o artigo O discurso do jornalismo com perspectiva de gênero sobre os fundamentos jornalísticos de objetividade, imparcialidade e verdade.
Já a doutoranda Lynara Ojeda e a professora Isabel Colucci expuseram o trabalho “E quem fica? Como a imprensa catarinense observa crianças e adolescentes vítimas de feminicídio”, no ST 090: Gênero, Jornalismo e Direitos Humanos, coordenado por Lynara e as professoras Fernanda Nascimento e Jessica Gustafson. No mesmo simpósio, Jessica Gustafson apresentou o artigo Jornalistas feministas em conexão – o percurso ativista da Red Internacional de Periodistas con Visión de Género (RIPVG). O trabalho discute alguns dos resultados de sua tese de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJOR/UFSC), em que analisou a formação de alianças entre jornalistas feministas latino-americanas. De acordo com Jessica, “A RIPVG, iniciativa pesquisada, foi fundada em 2005, em Morelia, no México, e representa a consolidação de uma série de movimentos existentes desde a década de 1980 que buscam aportar uma perspectiva de gênero ao jornalismo. A rede nasce, assim, para ser um espaço de confluência de profissionais de diferentes países do mundo, com forte atuação de jornalistas da América Latina”.
Ainda do ST 090, a doutoranda Diana Koch apresentou o trabalho intitulado Jornalismo, gênero e agricultura familiar: representações de mulheres agricultoras e território rural em matérias do Portal G1, em que investiga as representações acionadas em notícias que pautam a mulher agricultora, verificando se as especificidades relacionadas ao território em que essas sujeitas vivem e trabalham são abordadas na cobertura do Portal NSC. De acordo com Diana, alguns temas importantes apareceram nas matérias como violência física, patrimonial e insegurança alimentar, entretanto, como destaca Diana, essas temáticas não são tratadas como problema público e não há qualquer discussão sobre políticas públicas de combate à violência de gênero no território rural.
No ST 180: Infâncias, Adolescências, Relações de Gênero e Justiça(s) foi a vez de a doutoranda Thais Araujo apresentar o trabalho “‘Como se fosse filha…’: a interseccionalidade entre deficiência e outros marcadores sociais na cobertura jornalística do caso Sônia Maria de Jesus”. O objetivo foi verificar se e como a interseccionalidade da deficiência com outros marcadores sociais, como gênero, raça e classe, foi abordada em matérias jornalísticas do caso Sônia nos portais Catarinas e G1, contribuindo (ou não) para trazer ao debate público diferentes formas de hierarquização e de opressão que se articulam para desumanizar e deslegitimar determinados corpos. Sônia é uma mulher surda, negra e empobrecida, que foi mantida em situação de escravização na casa de um desembargador em Florianópolis (SC), conforme denúncia do Ministério Público do Trabalho, por cerca de 40 anos até ser resgatada em uma operação policial.
Ainda no evento, a professora Daiane coordenou a Mesa Redonda: Jornalismo feminista e estratégias antifascistas e contracoloniais, que contou com a jornalista Paula Guimarães, do Portal Catarinas, como debatedora, e as professoras Claudia Lago; Jimena Massa; Soraya Maria Bernardino Barreto Januário, como palestrantes.
A professora Terezinha e a doutoranda Thais Araujo participaram, ainda, da exibição do videodocumentário História mal contada – os feminicídios na cobertura jornalística, seguida de roda de conversa, durante a 9a. Mostra Audiovisual. O videodocumentário foi produzido pelo grupo Transverso em parceria com a Lilás Filmes.Por fim, o pôster O discurso da Revista Azmina sobre os fundamentos jornalísticos foi apresentado pelos bolsistas de Iniciação Científica Gabriel Alexandre Elias e Vitor Both e pela professora Daiane Bertasso.