As representações de imigrantes venezuelanos no Jornal Nacional

O mestrando Ricardo Borges Leite, integrante do grupo Transverso, defendeu no final de abril a sua dissertação de Mestrado, intitulada “Representações de imigrantes venezuelanos no Jornal Nacional”. A pesquisa foi orientada pela professora Terezinha Silva e teve na banca avaliadora as professoras Liliane Dutra Brignol, da Universidade Federal de Santa Maria, e Paula de Souza Paes, da Universidade Federal da Paraíba.

O objetivo da pesquisa foi compreender de que forma os imigrantes venezuelanos são retratados nas matérias do Jornal Nacional e quais as representações construídas sobre esse grupo social no telejornal brasileiro de maior audiência. A pesquisa parte da ideia de que jornalismo tem um importante lugar na construção de representações que circulam na sociedade e busca refletir sobre as possibilidades de modificação da realidade social dos imigrantes. “Consideramos que um dos papéis do jornalismo pode ser o de facilitar o acolhimento dos cidadãos imigrantes na sociedade brasileira, dentro da premissa da defesa dos direitos humanos”, explica Ricardo.  A análise da cobertura do JN sobre a imigração venezuelana no Brasil apoiou-se no conceito de representação do sociólogo Stuart Hall e considerou relatos jornalísticos produzidos entre os anos de 2015 e 2021.

Entre os resultados da pesquisa, o mestrando destaca que a cobertura do Jornal Nacional sobre os venezuelanos que migraram ao Brasil nos últimos anos concentra-se em poucos aspectos da conjuntura que envolve essa imigração. O telejornal pouco aprofunda a situação dos imigrantes ou de seu país. De acordo com o mestrando, quando o jornalismo singulariza em excesso o tema da notícia, deixando de considerá-lo multifacetado, não contribui para uma mudança positiva na vida desses cidadãos.  “A pesquisa, portanto, reflete também sobre de que maneira pode-se tratar a alteridade dentro do jornalismo, não com base em estereótipos e na exotização da diferença, mas na valorização da multiplicidade e do potencial que há no contato entre culturas, ideias e pessoas”, defende ele.