Transverso discute questões de gênero e jornalismo opinativo na SBPJor 2023

A professora Daiane Bertasso, coordenadora do Transverso, a doutoranda Thais Araujo e o mestrando Ricardo Alves, ambos integrantes no grupo, apresentaram trabalhos no 21o Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), realizado entre os dias 08 e 10 de novembro, na Universidade de Brasília (UnB).

O artigo desenvolvido por Daiane, em parceira com a doutora Jessica Gustafson e a professora Fernanda Nascimento, traz uma análise sobre pesquisas de mestrado e doutorado que se relacionam com os estudos de gênero e/ou teorias feministas, defendidas no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGJor/UFSC), de 2009 a 2023. Segundo as autoras, o objetivo era “entender se, e em que medida, estas pesquisas incorporam a potência dos estudos de gênero e epistemologias feministas para propor problematizações e contribuições teóricas que avancem nas transformações das práticas, das pesquisas e das teorias do campo jornalístico”. 

Usando como perspectiva metodológica a análise de conteúdo, o trabalho intitulado “Jornalismo, epistemologias feministas e estudos de gênero: as pesquisas do PPGJor-UFSC” aponta que há um crescente e constante aumento dessas pesquisas nos últimos anos, que as autoras avaliam como “fator positivo e importante para uma possível continuidade de tais estudos”. Ao todo, foram analisados 15 trabalhos, entre teses e dissertações.

Já a doutoranda Thais Araujo apresentou o artigo “Desvelando o continuum de terror: as falas de filhas(os) de vítimas de feminicídios em relatos jornalísticos”, produzido em parceria com a professora Terezinha Silva, também coordenadora do Transverso, e a doutoranda Lynara Ojeda. O estudo traz novos resultados do projeto “Os feminicídios em Santa Catarina e a cobertura jornalística: mapeamento de um problema público”, desenvolvido pelo Grupo.

As autoras investigaram se e em que medida os depoimentos ou falas de filhas(os) [que geralmente presenciam e até vivenciam o ciclo de violências que antecede o feminicídio] publicadas em relatos jornalísticos podem colaborar para deslocar para a esfera pública as violências ocorridas no âmbito privado e/ou familiar, contribuindo para ampliar a percepção social sobre o feminicídio como um crime de gênero.

”O trabalho mostra que esses depoimentos tendem a tornar públicas as ameaças sofridas pela vítima, as brigas, a existência de boletins de ocorrência contra o agressor e as tentativas de rompimento por parte da vítima por medo das agressões. É como se essas falas representassem uma ponta importante do novelo, mas, nas matérias analisadas, ela não é puxada, para que de fato se complexifique e conecte os casos ao contexto mais amplo do problema público que é a violência de gênero e a cultura machista”, disse Thais.

Por fim, o mestrando Ricardo Alves, apresentou o artigo “As representações dos quality papers brasileiros sobre a visita de Maduro ao Brasil”. O trabalho, que usa a tradição da Análise de Discurso (AD) de perspectiva francesa, reflete sobre a relação entre o jornalismo opinativo e os principais jornais brasileiros e observa que a crítica dos jornais analisados parte de uma visão moral, e não política. 

Para o autor, “é muito gratificante poder participar de um congresso tão importante como a SBPJor e ainda poder apresentar e ter contribuições de colegas e professores a respeito da minha pesquisa”.

Ao todo, foram apresentados, durante os três dias de evento, 192 trabalhos organizados em 37 eixos temáticos. O objetivo do Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo é reunir pesquisadores e pesquisadoras do campo acadêmico do Jornalismo, em diferentes estágios de formação, para promover uma reflexão pluralista sobre problemas emergentes da área.