Cobertura de feminicídios: predomínio de fontes policiais limita debate público sobre o problema

Em entrevista publicada nesta quarta-feira (20/12) pelo site Marco Zero – coletivo de jornalismo investigativo -, a professora Terezinha Silva afirmou que o predomínio de fontes policiais na cobertura jornalística de  feminicídios é um obstáculo para ampliar o debate sobre a violência de gênero e para ajudar a população a compreender melhor ersse problema público, que vitima tantas mulheres. Somente em 2022 foram assassinadas no Brasil 1.437 mulheres em razão do gênero, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Para a professora, fontes como integrantes de movimentos sociais, feministas, pesquisadoras que há anos estudam ou atuam no combate à violência de gênero são essenciais para uma cobertura diferenciada. “São estes tipos de fontes que podem melhor colaborar para discutir o feminicídio para além da ocorrência do crime e de sua investigação; podem contribuir para os relatos abordarem a motivação de gênero e, assim, ajudar a sociedade a entender melhor as raízes do problema e a mudar a cultura, as práticas, os comportamentos”, disse.

Na entrevista, feita pelo jornalista e doutorando em antropologia Pedro Paz, da Universidade Federal de Pernambuco, a professora também detalhou outros resultados e interpretações sobre o tratamento jornalístico de feminicídios a partir da pesquisa desenvolvida pelo grupo Transverso (PPGJOR/UFSC/CNPQ) e coordenada por ela. A pesquisa investigou a cobertura jornalística de feminicídios em mídias de Santa Catarina durante dois anos. O estudo contou com financiamento da FAPESC (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) e apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina. Foi concluída em abril de 2023. A entrevista ao site Marco Zero também abordou propostas para melhorar a cobertura midiática, na mesma direção de outros estudos que analisam tendências no Brasil, na Argentina e no México. A entrevista completa pode ser acessada aqui.