Por uma educação emancipatória anticapacitista

Imagem do cartaz de divulgação de livreto para materia sobre Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência

Hoje (21/09) é o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A data, oficializada no Brasil em 2005 pela lei Nº 11.133, marca a importância das mobilizações para a inclusão social das pessoas com deficiência e da luta anticapacitista. O tema tem sido estudado no âmbito do Grupo Transverso na pesquisa desenvolvida pela doutoranda Thais Araujo e orientada pela professora Terezinha Silva.

Para tornar mais efetiva a construção de uma sociedade inclusiva e anticapacitista, as pesquisadoras, ativistas e mulheres com deficiência Mariana Rosa e Karla Garcia Luiz lançaram o livro “Como educar crianças anticapacitistas”. O material, que pode ser baixado gratuitamente neste link, disponibilizado pelo Laboratório de Educação Inclusiva da Universidade do Estado de Santa Catarina (Ledi Udesc), conta com ilustrações de Paloma Santos e orientação da professora Geisa Böck.

Capacistimo é o termo que define a discriminação direcionada a pessoas com deficiência em razão dessa condição. Foi adotado no Brasil a partir da tradução da palavra inglesa ableism, conforme proposto pela antropóloga Anahí Guedes de Mello.

De acordo com Mariana Rosa e Karla Garcia Luiz, a obra “Como educar crianças anticapacitistas” foi elaborada a partir da premissa de Paulo Freire, patrono da Educação Brasileira, segundo a qual “ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho. Os homens se educam em comunhão, mediados pela realidade”. O objetivo, portanto, é “recrutar saberes que (ainda) não possuímos” e oferecer suporte para dialogar com famílias e educadores comprometidos com uma educação libertadora e emancipatória. “Longe de ser um manual ou guia, o que a gente compartilha nesse material são reflexões que politizam a experiência da deficiência e implicam a coletividade”, diz Mariana Rosa.

As autoras explicam que a pergunta que intitula o livro (Como educar crianças anticapacitistas?) é recorrente , o que demonstra o desejo de familiares, educadores e professores de promover o diálogo com crianças e apoiá-las na construção de um pensamento crítico que não reproduza preconceito ou discriminação em relação às pessoas com deficiência. “A pergunta, por si só, dá uma pista importante: se questionamos sobre possíveis caminhos para educar crianças anticapacitistas é porque, provavelmente, não sabemos como fazê-lo”.

Elas lembram ainda que não faz muito tempo pessoas com deficiência eram sistematicamente institucionalizadas, quimicamente contidas, segregadas e excluídas. Algumas dessas práticas persistem nos dias de hoje. “Ficamos, assim, destituídos da possibilidade de imaginar a humanidade em composição com outros corpos possíveis e, com eles, outros mundos possíveis. Por isso, a pergunta “como educar crianças anticapacitistas?” é um convite também a nós mesmos”, acrescentam.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), estima-se que a população com deficiência no Brasil totalize 18,6 milhões (considerando as pessoas com 2 anos ou mais) – 8,9% da população com essa faixa etária. Os dados foram divulgados em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pela primeira vez a PNAD Contínua trouxe indicadores específicos relativos às pessoas com deficiência.

Texto: Thais Araujo

Imagem: Livreto gratuito traz reflexões sobre educação libertadora e emancipatória. Crédito: divulgação/ilustração Paloma Santos